quarta-feira, 30 de março de 2016

Estelionatários oferecem investimentos ‘espetaculares’ e somem

Ao mesmo tempo em que se transformou em um importante instrumento de difusão de informações, a internet está ganhando ares de vilã. Uma série de golpistas — alguns, estelionatários contumazes — estão usando redes de relacionamentos virtuais para oferecer aplicações financeiras com rendimentos “espetaculares”, sem qualquer risco.

Eles montam páginas com estrutura de instituições financeiras, cujos endereços na rede são indicados em salas de bate-papo ou em grupos de discussões, mas não têm autorização da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) nem do Banco Central (BC) para operar como tal. Resultado: pegam o dinheiro dos incautos e desaparecem sem deixar rastros.

“Infelizmente, a internet se mostrou um ambiente fértil para os que vivem de dar golpes”, afirma José Alexandre Vasco, superintendente de Proteção e Orientação aos Investidores da CVM.

“Muitos dos sites de falsas instituições financeiras são constituídos no exterior, mas voltados para brasileiros”, acrescenta. Ele conta que, agora, os golpes mais comuns têm sido a venda de fundos e de clubes de investimentos.

“O mercado vive de ondas e a imaginação é enorme. Já houve a fase dos contratos de boi gordo, os contratos de reflorestamento, os de engorda de camarão. A atual é de falsos clubes e fundos de investimentos”, ressalta. Dois deles – o Clube AXT e o Thylon Consultoria Financeira – foram suspensos em abril pela CVM depois de várias denúncias.
A proliferação de golpes financeiros é facilitada, porém, pelas próprias vítimas, reconhece o auditor Jorge Marques, que, ao longo de 12 anos vasculhou as contas de corretoras e distribuidoras de valores ligadas à extinta Bolsa do Rio de Janeiro.
“Ficam todos deslumbrados com as promessas de ganhos fáceis e altos. Não se preocupam em checar se quem está oferecendo os investimentos tem registro na CVM e no BC”, assinala. “O pior é que, na maioria dos casos, quando as autoridades fiscalizadoras agem, o dinheiro já sumiu. Todos ficam no prejuízo. Dificilmente, a CVM ou o BC terão como bloquear os recursos e devolvê-los a seus donos”, constata o auditor.

Sendo assim, emenda o superintendente da CVM, é preciso muito cuidado na hora de se aplicar as economias acumuladas com tanto sacrifício. “Qualquer um pode obter na CVM, no BC e na bolsa de valores (BM&FBovespa) a lista de todas as instituições financeiras autorizadas a operar no país e a relação de todos fundos e clubes de investimentos legalmente constituídos”, avisa.

Vasco recomenda ainda que as pessoas que tiveram contato com operações suspeitas, que denunciem os crimes. “O público é nosso grande canal de comunicação, ainda que tenhamos todos os instrumentos para agirmos preventivamente e pró-ativamente”, afirma.

Fantasmas

Os golpes dos falsos investimentos, porém, não se restringem à internet. O superintendente de Proteção e Orientação aos investidores diz que são rotineiras as denúncias contra pessoas que se apresentam Brasil afora como intermediadores ou representantes de instituições financeiras – corretoras de valores, na maioria dos casos. Esse tipo de serviço é reconhecido pela CVM. Mas só pode ser oferecido por agentes autônomos – pessoas físicas e jurídicas – devidamente credenciados na autarquia. “Temos encontrado agentes não autorizados a captar recursos no mercado, muitos por meio de escritórios bem montados”, conta. A lista desses agentes também pode ser conferida na CVM pelo site .

“Apesar desses golpes, é importante dizer que os investidores têm mostrado um importante amadurecimento e maior conhecimento do mercado. Percebemos isso durante a atual crise. Houve um comportamento exemplar, tanto que o número de pessoas físicas operando na bolsa de valores aumentou em vez de diminuir, mesmo com a queda dos preços das ações. Muitos viram boas oportunidades para entrar no mercado”, diz Vasco.

“Montamos o nosso sistema de atendimento ao consumidor em 1998 e pudemos constatar a evolução no conhecimento do mercado. Isso é evidenciado, inclusive, por meio das denúncias e consultas que recebemos, bem mais complexas”, complementa.

O superintendente da CVM reconhece que os desafios na proteção dos investidores vão aumentar. Com a estabilidade econômica e a ascensão de pelo menos 20 milhões de pessoas para a classe C nos últimos anos, criou-se, segundo ele, um grupo potencial de poupadores. São pessoas que, num primeiro momento, vão satisfazer todas as necessidades de consumo que estavam reprimidas, mas que, ao longo do tempo, terão sobras de recursos para aplicar. “E elas não têm tanto conhecimento do mercado”, afirma.

Nesse contexto, o melhor que os investidores, novos ou velhos, homens ou mulheres, têm a fazer é procurar um profissional sério e competente. “É a melhor receita para não se entrar em roubada”, diz, sempre que indagado sobre o assunto, Demétrius Borel Lucindo, diretor da Top Trade Investimentos.

O que fazer para não entrar em uma fria

# Não fale de sua vida financeira em sites de relacionamento da internet. Há muitas pessoas de má índole, estelionatários contumazes, prontos para dar o golpe e surrupiar as suas economias.

# Confira se as instituições financeiras ou os gestores de recursos aos quais quer entregar a administração de seu dinheiro têm registro no Banco Central, na Comissão de Valores Mobiliários (CVN) e na BMFBovespa.
# Desconfie de qualquer promessa de ganho fácil. Isso não existe no mercado financeiro. Como diz um ditado popular, quando a promessa é demais, o santo desconfia. É armadilha na certa.
# Quando for aplicar em fundos de investimentos, confira seu histórico de rentabilidade e como está composta a sua carteira. As instituições financeiras têm a obrigação de dar todas as informações à clientela.
# Com a queda dos juros, o rendimento dos fundos de investimentos de renda fixa, composto por títulos públicos, vai diminuir. Portanto, para ampliar os ganhos, será necessário assumir riscos. Isso exige o auxílio de um profissional sério e competente.

# Todos os casos suspeitos de irregularidades devem ser comunicados à CVM por intermédio de um telefone gratuito: 08007225354. Por meio desse número, também é possível obter esclarecimentos sobre o funcionamento do mercado de capitais.

Fonte: Correio Braziliense

Postado Por: Portal Contábil SC

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